O número de questões da prova do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) quase triplicou, de 63 questões a avaliação agora contém 160 questões separadas em quatro provas, mais a redação. Os candidatos têm exatamente 10 horas divididas em dois dias para fazer a avaliação.
O estudante de Sistemas de Informação, Rafael Altagnam, 21 anos, já fez o Enem três vezes, nos anos de 2007 e 2008, a prova ainda tinha 63 questões, em 2009 a prova já tinha se reestruturado. Segundo ele, o exame tinha muitas questões que ele não tinha condições de responder, e que a prova era extremamente grande, o que a tornava cansativa. “No ensino médio e fundamental sempre fui um aluno que fazia além do que me pedia. Assim consegui um pouco mais de conhecimento, mas declaro que juntando tudo não foi o suficiente para eu fazer a prova com segurança”, conta.
Para ele o ensino público não oferece condições para os alunos fazerem uma boa avaliação no Enem. “Acho que o nosso ensino público não nos prepara para isso, nos dá apenas a base, precisamos de algo a mais”, diz.
(Ouça um trecho da Entrevista)
Rafael ganhou uma bolsa do PROUNI (Programa Universidade para Todos) em todos os anos, mas só em 2008 que conseguiu o curso e a faculdade que realmente queria cursar. “Consegui aprovação para bolsa na terceira chamada, minha média foi aproximadamente de 72 pontos. Adoro meu curso, e gosto de aprender, tenho a convicção que é o curso dos meus sonhos”, diz.
Para a mestre em Educação, Rachel Martins, o conteúdo cobrado na prova do Enem não é compatível com o que se ensina nas escolas de Educação Básica, mas a proposta do governo é justamente forçar as instituições e seus educadores a reverem suas práticas visando um ensino de maior qualidade. Segundo ela, as escolas privadas já estão preparando, reestruturando o processo de ensino e a metodologia, além da constante capacitação de seus educadores. O tempo seria suficiente se o candidato estivesse apto pra fazer a prova. “O aluno estando preparado desde o 1° do Ensino Médio com este tipo de prova, tira de letra. O tempo passa a ser suficiente. Há todo um cálculo, com bases científicas, de tempo médio para realização de cada questão de acordo com o grau de complexidade”,afirma.
A estudante do último ano do ensino médio, Sara Marques achou o exame muito difícil. Disse ainda, que fez um cursinho pré vestibular no último semestre, para prestar vestibular para o curso de direito.
(Ouça um trecho da Entrevista)
Muitas faculdades e universidades estão aceitando as notas do Enem como forma de ingresso dos candidatos. Segundo dados do Mec , isto foi um dos pontos cruciais para o aumento número de candidatos.
Para Rachel Martins, a universificação do processo seletivo reforça ainda mais a exigência de mudança na qualidade do ensino nas escolas da educação básica. Mas é preciso que alunos, pais, comunidade de modo geral, pressionem as escolas públicas para que não fiquem de fora do processo, e que haja mudança na prática educativa de forma a permitir que nossos alunos tenham mesma oportunidade que alunos da rede particular.
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